25.10.07

Meu sofá!





No meu sofá preferido acontecem coisas! Tem gente que recebe amigos, gente famosa, chora as mágoas, simplesmente faz nada! Me tento a trocá-lo, ou já o fiz algumas vezes...afinal, sempre acaba ficando moldado! Já viraram bebida, já encheram de comida e de "traseiros" pesados e ossudos!

Escolhi, meu sofá preferido...o do Beco! Das poucas vezes que fui lá, sempre gostei do clima! Com todo o tom eclético do local...aquilo é um território neutro pra todos! Imagino, sempre, uma sala cinza e um sofá vermelho, ao pé da escada! Interessante como o sofá (o objeto) virou símbolo de reunir as pessoas, símbolo do conforto, acomoda os interlocutores de modo a convidar ao bate-papo, às discussões, aos flertes, aos contatos íntimos, e também, cenário interativo de um dos meus preferidos programas de tv - Saia Justa! Na escala das minhas classificações sociais do blog...está mais para catalisador!

Nem sempre o que alí é produzido é motivo de orgulho! Nem sempre o que ali é produzido é esperado! Mas sempre o que dalí sai é interação e produção! Andei pensando na importância do sofá....meu Deus...pra quê?! Mas como eu inferi, é um catalisador social, de todas as classes, porque como participantes de uma célula, normalmente estabelecemos nossos contatos com outros através de uma zona de conforto, de maneiras diferente para o indivíduo, mas que funciona nas intersecções!

Meu sofá preferido tem sido palco de muitas risadas com amigos! De vídeos bem engraçados! De conquistas inesperadas! De paqueras, de olhares, de flertes, de amigos de um segundo (15 minutos de faaaaama, 15 minutos de faaama) ....e talvez depois de confessar aqui pra vocês até falte espaço no sofá, tamanha a quantidade de pessoas querendo um espaço nesse sofá ou tamanha seja a minha pretensão! (risos).

9 dicas do que permito ou não no sofá! quero comentários de vocês sobre o que combina ou não:

  • mantilha cobrindo o sofá
  • cooler de cerveja e snacks
  • transar no sofá (não o do Beco tá gente?!)
  • forro tigrado, almofadas de zebrinha ou qualquer adereço
  • design moderno
  • sala de espera de médico e dentista
  • fila de banco
  • lounge de danceteria
  • banheiro

OUVINDO: Aqualung - Strange and Beautifull (2005 album)

PERSONA: De Palma : " A câmera sempre mente. A partir do momento em que você edita o material, está escolhendo o que mostrar e principalmente o que não mostrar. Foi um pouco por isso que precisei colocar a tarja preta nos olhos das vítimas nas fotos, para que o público não se sentisse tão ofendido." - em entrevista ao "EU&" do Jornal Valor Econômico sobre o seu novo filme "Redacted".

VENDO: Brothers & Sisters - Season 1 - Meu novo vício

3.10.07

"Crying at the discotheque"



Sonhos são como realizações do impossível da vida! Das nossas limitações, dos nossos desejos ou perversidades impedidas pela razão. São assim na minha vida. As vezes coisas boas e outras bem ruins.

De fato Theodore, mais uma vez, quis voltar aquele club que tantas vezes visitou, tantas bocas beijou, tantas músicas embalaram suas emoções e cansaram suas pernas, tantos olhares trocados, tentativas frustradas, o cheiro do gelo seco, com o cigarro no ambiente fechado, as luzes piscantes e a tão adorada discoball!!! Muitas vezes ele mesmo podia dizer que conseguira se ver refletido nos pequenos espelhos e nas paredes da pista de dança.
Em uma contagem regressiva aos poucos deu-se conta:

10 - O nome continuava o mesmo, e lembrou-se da primeira vez que, timidamente, e temendo ser reconhecido, ali visitou seus desejos mais secretos. Todos eram conhecidos, foi entrando e cumprimentando os mais chegados e percebendo aqueles que o julgavam.

9 - Estava tudo ótimo, e o que restava de impulso pra ter ido lá aquela noite, o movia como que uma vontade de que dessa vez seria diferente. Uma vontade de dizer "Loving you, is that all I wanna do this night" era o que mais o convencia de que seria uma noite diferente. Mais uma vez, encostava-se ao balcão, arqueando as costas, como naquele código básico da postura, inflando o peito.

8 - Dá de mão em um amigo, pega seu drink e vão para pista, está tocando o novo sucesso daquela cantora que nem ele sabe, mas a letra é como uma fenix que ressurge das cinzas e primeiro pensa que foi feita pra ele e logo se dá conta que todos estão enchendo a pista loucos, sorrindo e acenando para o dj. Pensa: são todos iguais, uma legião de insatisfações, de robôs!

7 - Uma pausa, alguém o olha com desejo. Um sorriso! Correspondido! Bam! Um disparo de adrenalina e um lampejo de esperança muda a noite e é como se, em slow motion as coisas sumissem, inclusive o amigo que está dançando com ele. Quem é (ele pensa)? Com quem está? Não interessa, decidiu que esta noite seria diferente. Vai em direção a ele e umas poucas palavras e em seguida o beijo! (Ele sabe que o mínimo de conversa é o que precisa para manter o clima que pretendia. Mais palavras serão mais desencantos!)

6 - Era o que bastava...o menino quer ir direto para o número 1! "Para minha casa ou para a sua?".

Não era nada disto que ele queria! As mãos se soltam, ele vira e se volta para o balcão. Poderia ter ido com ele e repetir o que fez diversas vezes. Poderia ter ido para o balcão e continuar a beber e seguir a tentativa. Poderia ter ido embora e encerrado a cascata de sentimentos vindouros! Mas sempre haverá uma situação diferente a qual nos agarraremos pra sustentar nossas expectativas!

5 - Olha em volta e se dá conta que os tempos são outros. Seres nunca antes permitidos fazem parte da casa! Eles são bem aceitos naquele templo de sua liberdade. Elas invadem com seus egos inflados aquele território e lhe desafiam a cruzar as barreiras. Quem sabe dançar passando a mão no dançarino, que é caso dela! Não! Ele sabe que não vai acabar bem!

4 - Ele tem procurado estar em dia com o corpo, mas ao mesmo tempo, sabe que a moda lhe impõe uma conduta e um catalisador social mais adequado.

3 - É o momento, e ele se pergunta se ainda sente o frisson que o levou a sair... "do you feel the love tonight?". Era essa a pergunta que se fazia a tarde e que o fez acreditar que seria diferente. E cada vez menor, se esforça a encontrar aquele Theodore. Agora está ficando embriagado e desmotivado!

2 - O último lampejo de força, e sozinho retorna à pista e no centro, olha em sua volta. Quer sentir a empolgação das pessoas, quer sorrir como eles, quer aquela inocência de descobrir as coisas com novas pessoas. As pernas marcam o ritmo da dança e aos poucos se move sentindo a noite e se convencendo de que a música foi feita pra ele e que o seu Romeo está entrando pela pista agora. Fecha os olhos, sorri pra ele! Dá uns passos (esbarra nas pessoas), e ainda de olhos fechados tem uma noite como queria! Ele e seu Romeo. As lágrimas rolam da sua face, e ele está explodindo de felicidade, exatamente aquela felicidade que ele tinha imaginado.

1 - "Theodore!! Theo!!!! Acorda!! Acorda!!!" . Ao seu lado, num quarto de motel, o menino que encontrou na noite anterior o acorda. Theodore estava chorando com o que parecia um pesadelo!

1.10.07

THE GIRL IN THE CAFE - impressions from Andy


Penso, neste instante, nos raios de sol entrando num quarto com uma cortina ao vento em uma manhã de primavera, tal qual aquelas que só existem na nossa bucólica e um pouco nostálgica imaginação! Nossos refúgios...por quanto tempo eles duram? Onde escondemos nossos ideais, nossos desejos, nossas perversidades? Outrora escrevi aqui o quanto somos nós e o quanto há de veracidade no ser "solidário", o quanto precisamos nos apoiar e sobrepor o exercício do orgulho e do preconceito para experimentar uma realidade de outrem. Duas realidades, duas histórias, dois tempos e muitos, muitos sentimentos. Assisti essa semana um filme produzido para TV pela inglesa BBC e compartilho minhas impressões.

De certa forma, nós sempre seremos inocentes, sempre haverá um momento de total credulidade para justificar nossas atitudes, para disfarçar nossas carências, ou nossos fantasmas do passado. Mudamos os ciclos, arduamente, a custo de muita reflexão! No entanto, eventualmente, o cotidiano nos coloca frente a situações, ou a pessoas (muitas delas anônimas - seja temporalmente ou intimamente) que nos trazem a esses quartos com o quente do sol matinal, com a cortina velando a luz! E nos deitamos na cama tão agradável quanto queremos. Estou, agora, achando que em uns mais e noutros menos, nosso quarto, nosso momento de nostalgia sentimental, nosso castelo encantado está dentro de todos! Perdoem-me os mais céticos, alegrem-se os mais românticos. Somos humanos e para tanto, somos, sendo! Como no filme, a experiência íntima independe das convenções, mas se desvela na realidade de dois caminhos, que muitas vezes nem dimensionam suas interferências coletivas, por tão intimamente, serem movidos por suas experiências conscientes, boas ou ruins!


Por hora, me detenho a complementar o post anterior sobre a solidariedade em primeiro lugar lembrando que não temos como dimensionar a doação material, intelectual ou sentimental dos indivíduos para com aqueles convencional ou materialmente desprovidos, porque cada um tem seu limite monetário ou sentimental e, também, o quanto cada indivíduo está comprometido com sua própria vida. Portanto, lembrando os conceitos de prioridade, não apoio tentativas de heroísmo de tirar do que se tem para dar aos outros. Essas posturas, na minha opinião, são afagos em nossas culpas que se inflamam mais ainda. Mas de fato, existe, estatísticamente, toda uma situação de saúde e alimentação precária na organização da sociedade e que só é evidenciada pelo funcionamento de um sistema econômico validado mundialmente que se sustenta na troca de valores (monetários, braçais, intelectuais, etc.) e por uma interconexão mundial e por consegüinte sua interdependência, tudo funciona assim, e bem. O fator social, que também é mostrado no filme, serve de pano de fundo para um cenário de contrastes e decisões que, no macro-ambiente, podem ajudar essas comunidades, mesmo que somente pequenas partes consigam chegar a seu destino muitas vezes.

É como no filme, nós criamos um cenário como esse quarto que eu mesmo recorro freqüentemente para contar uma história que no cotidiano termina inusitadamente, ou que é abruptamente encerrada. Me pergunto o quanto sabemos de nossos limites e o quanto de inocência nos permitimos utilizar para justificar todo um apoio em outra pessoa e depois de simplesmente desconstruir todo um ideal de vida, um alicerce bem feito que serviria para uma casa sólida, vimos as cortinas esvoaçantes queimarem com a luz do sol, e descobrirmos uma cama de faquir!
Quantas garotas do café já encontramos ou já fomos?

http://www.thegirlinthecafe.com/

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OUVINDO: Norah Jones

LENDO: Rubem Alves - "Perguntaram-me se acredito em Deus"

VENDO: - JERICHO - primeira temporada.