16.7.07

CATALISADORES


Alguns posts atrás, falei um pouco sobre como nos construímos e destruímo-nos, tal qual o processo cíclico que é a nossa própria vida e inclusive nossas micro vidas representadas pelas diversas fases que atravessamos. Falei, então, bastante sobre o que chamo de FLUIDO SOCIAL, ou seja como nós fazemos para interagir com todos. Neste final de semana, consegui juntar com um amigo alguns dos MEIOS, ou porque não dizer CATALISADORES desse Fluido Social.

Bem sabemos que a vida é um ciclo, descrito por conceituação básica como Nascimento, Vida Adulta e Morte. É um ciclo sem volta, é uma das poucas certezas que ainda a humanidade não conseguiu transgredir. Congelou-se corpos, transplantou-se órgãos, guardou-se restos mortais, cortou-se cabeças, elaborou-se processos de conservação à espera de alguma forma de retorno ao referido início, com ou sem correções, mas ainda sem sucesso, e ainda não conhecemos forma de ressucitar a vida daqueles que construíram seu pequeno reino. Quero pensar que por isso, me contento com o fato de ter a possibilidade de mudar o que fiz, de ter a chance de reconstruir meus exércitos, de reposicionar minhas peças e, portanto, sempre conseguir refazer o que já fiz, de criar meu déjà vu. Se estamos por vezes errados, é tão fácil de realinhar nossa postura para acertar melhor os nossos alvos. Agora, regule a sua lente, aumente ou diminua o zoom…Heim? Devo mesmo estar louco! Mas meu zoom está bem claro…trata-se do que chamo de Fluido Social! Sorrir, usar das expressões mais diversas, aumentar ou diminuir a voz, olhares, enfim; todas ferramentas inerentes à nossa persona, todas elas ligadas ao nosso racional e ao emocional.

Agora me ocorre que devo esclarecer que nem por um sonho isto se trata de um post de auto-ajuda. Permitam-me condenar, pois de longe sinto-me melhor sem a ajuda de um best-seller deste gênero de compilação literária. Trata-se sim de uma observação e teorização. Essa mesma observação que me traz novamente ao tema proposto por verificar que ao pensar, inicialmente, que a lente era simples, com o passar dos tempos e porque não dizer dos ciclos de vida, vamos podendo adicionar mais lentes, sem perder nossa inicial capa do caráter, inerente a própria persona.

Pensemos, assim, em como mesmo com uma ignorância de socialização, ou com um grande domínio da arte do convívio, usamos alguns meios para adicionar ou diminuir a forma como permeamos os diversos grupos de um mesmo meio social. Ser tímido e concentrar-se na comida ao invés de conversar em um restaurante, usar a comida como meio de observar e ouvir o que os demais falam, sem perder a ligação com o grupo. É um meio! Estilo de vestimenta mais clássico, mais contemporâneo ou mais transgressor, é um meio (e também é um dos mais notáveis ciclos de vida, quantas vezes não pensamos, como eu podia me vestir daquela forma? Ainda que fosse o meio principal para estar ou ser parte de todo um grupo. Atitudes estéticas são mais visíveis na adolescência, mas permeiam quase que toda uma vida se pensarmos em como cada vez mais a história pós-moderna caminha em uma ponte suspensa de tacos de estética exterior.)! Isso sem falar nas drogas, no cigarro, até no modelo do celular!

O individualismo de nossa época tornou as demandas mais frenéticas. Essa é minha constatação frente a procura cada vez maior de centros onde podemos otimizar nosso tempo, para fazer tudo rápido: comprar, comer, cortar o cabelo, lavar o carro, ler, ver filmes, abastecer-nos de mantimentos para a casa. Tudo no mesmo lugar! E a violência, que de fato existe e está batendo na porta de todos, não é a causa disso! Isso é um outro assunto! Daí, em seguida, copy paste para tudo: escolas, academias de ginástica, festas! Alias, cistumamos nos reunir para “aquecer” antes de irmos a uma festa, momentos agradáveis, …o que fazemos? atualizamos as notícias, bebemos, rimos, nos vendemos, combinamos a semana, alguns até comem! Tudo de um POUCO em pouco tempo!

PERSONA: Mônica Valdwogel no último SAIA JUSTA desbancando Marcia Tiburi: “Se você acha que é precursora por assumir que pode e paga por sexo com homens Márcia. Te digo que choveu de telefonemas para a produção do programa dizendo que várias mulheres utilizam desse serviço. E alias, querida, as demais que fazem, só não dizem!” TOMA!

OUVINDO: Rogue Wave – Descended Like Vultures (Album)

PENSANDO: De fato pensando muito em mim, ando bastante introspectivo. Tentando achar a minha Bastilha para derrubá-la! Isso é sempre assim nas intersecções de meus ciclos!

6.7.07

A Casa do Pai x Jó



Bem observado e acobertado pelos flashs, cresce cada vez mais a idéia de gueto da burguesia pensante que constrói a política de direita “uspiana”. A Casa do Saber, talvez seja hoje um novo centro acadêmico, uma grande extensão da USP na própria cidade de São Paulo, e destaca curso de “Eleição e Gestão Política” ministrado por Geraldo Alckmin na semana passada. Ao mesmo tempo que vejo algumas sugestões para a própria direita brasileira no tocante a algum tipo de slogan ou definição de seu eleitorado.


Comandada pela senhora Maria Aparecida Ribeiro, a própria que se declara Anti-Lula, a Casa do Saber está hoje para os socialistas e filósofos, em sua maioria de direita política, como o Palácio do Planalto está para os esquerdistas e militantes do movimentos dos “sem”! (visto que nosso próprio presidente rebateu, em coletiva, o protesto do INCRA no Palácio do Planalto dizendo que se eles sabiam de algum presidente que já havia permitido receber grupos desse cunho social no Palácio do Governo Federal!) Pois, na semana passada, para um público de 70 pessoas, pagando R$300,00 por cabeça, Sr Geraldo Alckmin palestrou sobre “Eleição e Gestão Política”. O curso se dividiu em três partes: eleições (falando sobre a disputa de 2006); economia (traçando cenários de geopolítica brasileira) e dados sobre a economia do Brasil e do Estado de São Paulo. Segundo consta, a maior parte das perguntas foram mesmo sobre um certo inconformismo com o resultado do páreo de 2006. O próprio Alckmin justificou que crê no julgamento popular e num povo que erra menos do que as elites. Equivocadamente um dos participantes indignou-se perguntando então porque este povo não teve coragem de dizer as verdades nas eleições (??). Ora, todos nós sabemos quem decide tudo sempre; e na minha opinião, o poder econômico está no motor que, desde a organização do mundo, continua sendo predominante e, por justo. Querida!! Vamos ouvir mais e falar menos! Sabiamente Alckmin tem que se colocar do lado do povo, mas é lógico que, ao se fazer uma análise dos votos, Lula foi permitido a ficar no poder por quem “erra menos”! Engraçado como que quase na sequência um outro participante se diz fraco em relação às mudanças, dizendo que não tem voz! E ainda complementa:“Tenho um presidente que não fala a nossa língua”. Chega a ser até engraçado, além de prolixo! Para encerrar Alckmin cita Ulisses Guimarães em referência a Goethe: “Mais difícil que matar o monstro é eliminar seus destroços”. Já que ninguém quiz falar, a Dona Maria Aparecida levanta-se e brada: “ Mas eu quero saber quem é esse monstro”. (risos)


Enfim, será que não estamos nos sentindo um pouco parecido com Jó?! Acho que se o brasileiro não desiste nunca, imagine Jó?! Bem que a referida casa poderia auxiliar o próximo presidente de direita política a instituir a frase de governo: Jó é que não desiste nunca!


Interessante entevista com Antonio Negri, filósofo italiano, estive lendo dia desses. Autor de recente obra intitulada “O Livro de Jó”, Negri é um preso político, hoje em prisão domiciliar em Veneza e que por muitos anos refugiou-se na França. Muito bem destacado, Negri mostra que nosso desejo de viver se abre, sempre para os outros. E nós, por isso, estamos sempre alimentando o sofrimento, pois as realizações maiores, o desejo de construir e impulsionar nosso traço de vida em frente, esbarra num mundo pós-moderno, ainda que positivo pela construção individualista, mas de certa forma “vazio”. Estamos vivendo um período de vazio, à descrença no futuro, ao desencanto, e sua presença, parece que se torna cada vez mais avassaladora. Segundo Negri: “Acho que a vida, de fato, é dura, mas o homem tem uma vontade de potência e uma grande capacidade de construiu o futuro.” Ao mesmo tempo que gostamos de comparar as nossas conquistas e, muitas vezes, menosprezá-las, conseguimos avançar diariamente em pequenas vitórias, dentro das nossas possibilidades. Jó, não era apenas paciente. Lembro de já ter quebrado essa idéia de submissão de Jó. Ao contrário, era sim um corajoso, pois o “mal” ou o “diabo” citado nas Escritas, era sempre motivo da análise dele, de observação e reflexão, para dái transpor seus obstáculos, muitas vezes interiores e criados pelos desejos materiais e não necessidades individuais. Ah mas, como é difícil no próprio tempo que vivemos, separar ou resistir e este “mal”, a estas tentações pós-modernas? Acabamos num momento de encantamento para um bem próprio de uma conquista de noite, compramos o que não precisamos, não temos disciplina para um futuro melhor, hoje queremos o imediato, amanhã o médio, enfim! Muito bem lembrado por Negri, o Brasil é mesmo o país de Paulo Coelho. E complemento: o que ressucita é o corpo, e corpo é matéria; portanto o corpo está no centro da fé! Quanto a Paulo Coelho, não me parece que o sucesso dele seja muito místico - best-seller, ora!



PENSANDO: “Muitas pessoas que deveriam saber se comportar defenderam a violência real e a ameaça de violência e colocaram a culpa nas vítimas.” – Salman Rushdie


PERSONA: Pais de Paris receberam sua filha de braços abertos na porta da prisão após três semanas passadas em uma cela de 17,5m


OUVINDO: Vanessa and the O´s – Charlie, Charlie (La Ballade d`O)

2.7.07



In the last dark hour
Of the night,
Angels come to love us
And awaken us.


"To be an angel, one need not have wings.
In giving love there is an equal grace.
Nor need one seek the aura in the face,
As love unveils the beauty of all things."