A Casa do Pai x Jó
Bem observado e acobertado pelos flashs, cresce cada vez mais a idéia de gueto da burguesia pensante que constrói a política de direita “uspiana”. A Casa do Saber, talvez seja hoje um novo centro acadêmico, uma grande extensão da USP na própria cidade de São Paulo, e destaca curso de “Eleição e Gestão Política” ministrado por Geraldo Alckmin na semana passada. Ao mesmo tempo que vejo algumas sugestões para a própria direita brasileira no tocante a algum tipo de slogan ou definição de seu eleitorado.
Comandada pela senhora Maria Aparecida Ribeiro, a própria que se declara Anti-Lula, a Casa do Saber está hoje para os socialistas e filósofos, em sua maioria de direita política, como o Palácio do Planalto está para os esquerdistas e militantes do movimentos dos “sem”! (visto que nosso próprio presidente rebateu, em coletiva, o protesto do INCRA no Palácio do Planalto dizendo que se eles sabiam de algum presidente que já havia permitido receber grupos desse cunho social no Palácio do Governo Federal!) Pois, na semana passada, para um público de 70 pessoas, pagando R$300,00 por cabeça, Sr Geraldo Alckmin palestrou sobre “Eleição e Gestão Política”. O curso se dividiu em três partes: eleições (falando sobre a disputa de 2006); economia (traçando cenários de geopolítica brasileira) e dados sobre a economia do Brasil e do Estado de São Paulo. Segundo consta, a maior parte das perguntas foram mesmo sobre um certo inconformismo com o resultado do páreo de 2006. O próprio Alckmin justificou que crê no julgamento popular e num povo que erra menos do que as elites. Equivocadamente um dos participantes indignou-se perguntando então porque este povo não teve coragem de dizer as verdades nas eleições (??). Ora, todos nós sabemos quem decide tudo sempre; e na minha opinião, o poder econômico está no motor que, desde a organização do mundo, continua sendo predominante e, por justo. Querida!! Vamos ouvir mais e falar menos! Sabiamente Alckmin tem que se colocar do lado do povo, mas é lógico que, ao se fazer uma análise dos votos, Lula foi permitido a ficar no poder por quem “erra menos”! Engraçado como que quase na sequência um outro participante se diz fraco em relação às mudanças, dizendo que não tem voz! E ainda complementa:“Tenho um presidente que não fala a nossa língua”. Chega a ser até engraçado, além de prolixo! Para encerrar Alckmin cita Ulisses Guimarães em referência a Goethe: “Mais difícil que matar o monstro é eliminar seus destroços”. Já que ninguém quiz falar, a Dona Maria Aparecida levanta-se e brada: “ Mas eu quero saber quem é esse monstro”. (risos)
Enfim, será que não estamos nos sentindo um pouco parecido com Jó?! Acho que se o brasileiro não desiste nunca, imagine Jó?! Bem que a referida casa poderia auxiliar o próximo presidente de direita política a instituir a frase de governo: Jó é que não desiste nunca!
Interessante entevista com Antonio Negri, filósofo italiano, estive lendo dia desses. Autor de recente obra intitulada “O Livro de Jó”, Negri é um preso político, hoje em prisão domiciliar em Veneza e que por muitos anos refugiou-se na França. Muito bem destacado, Negri mostra que nosso desejo de viver se abre, sempre para os outros. E nós, por isso, estamos sempre alimentando o sofrimento, pois as realizações maiores, o desejo de construir e impulsionar nosso traço de vida em frente, esbarra num mundo pós-moderno, ainda que positivo pela construção individualista, mas de certa forma “vazio”. Estamos vivendo um período de vazio, à descrença no futuro, ao desencanto, e sua presença, parece que se torna cada vez mais avassaladora. Segundo Negri: “Acho que a vida, de fato, é dura, mas o homem tem uma vontade de potência e uma grande capacidade de construiu o futuro.” Ao mesmo tempo que gostamos de comparar as nossas conquistas e, muitas vezes, menosprezá-las, conseguimos avançar diariamente em pequenas vitórias, dentro das nossas possibilidades. Jó, não era apenas paciente. Lembro de já ter quebrado essa idéia de submissão de Jó. Ao contrário, era sim um corajoso, pois o “mal” ou o “diabo” citado nas Escritas, era sempre motivo da análise dele, de observação e reflexão, para dái transpor seus obstáculos, muitas vezes interiores e criados pelos desejos materiais e não necessidades individuais. Ah mas, como é difícil no próprio tempo que vivemos, separar ou resistir e este “mal”, a estas tentações pós-modernas? Acabamos num momento de encantamento para um bem próprio de uma conquista de noite, compramos o que não precisamos, não temos disciplina para um futuro melhor, hoje queremos o imediato, amanhã o médio, enfim! Muito bem lembrado por Negri, o Brasil é mesmo o país de Paulo Coelho. E complemento: o que ressucita é o corpo, e corpo é matéria; portanto o corpo está no centro da fé! Quanto a Paulo Coelho, não me parece que o sucesso dele seja muito místico - best-seller, ora!
PENSANDO: “Muitas pessoas que deveriam saber se comportar defenderam a violência real e a ameaça de violência e colocaram a culpa nas vítimas.” – Salman Rushdie
PERSONA: Pais de Paris receberam sua filha de braços abertos na porta da prisão após três semanas passadas em uma cela de 17,5m
OUVINDO: Vanessa and the O´s – Charlie, Charlie (La Ballade d`O)
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