Suando a Batina...tudo culpa de Weber!?
Muito me impressiona, e é tema de assunto em diversos dos meus clientes o fato da transferência de responsabilidades do Estado Brasileiro para a iniciativa privada. Fato esse notório e percebido cada vez mais pelos empresários, que são por diversas vezes enxotados pelos sindicatos remanescentes num Brasil cada vez mais contemporâneo. O que não tinha percebido ainda é uma certa relação entre religião e as mudanças recentes no cenário principalmente sócio-econômico.
Cresci numa sociedade totalmente dominada pelo cunho católico de culpa, de trabalho mundano e crença em uma vida melhor que só é alcançável no pós vida! E parei pra pensar neste momento bem recente da visita de Bento XV aqui no Brasil. Interessante notar o crescimento das religiões não tradicionais por aqui. Cada vez mais as massas estão mais presentes nas populações mais pobres, no entanto, segundo dados de uma pesquisa da FGV (www.fgv.br/cps), por exemplo, hoje haveria 17,9 vezes mais pastores evangélicos por fiel do que padres por católicos.
Lembro das aulas de história quando estudamos Max Weber e seu “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Somente agora entendo que até aquele momento era bastante difícil conceber o crescimento da riqueza e o enriquecimento através do ganho de capital; e ainda mais atrativo é entender que nos últimos tempos, com a melhora do poder aquisitivo do brasileiro e uma certa estagnação da economia, os cidadãos brasileiros a medida que ganham mais dinheiro, e conquistando um pouco mais de liberdade, estão se permitindo “comer bem” em troca de “dormir sossegado”. Assistimos de uma forma geral, o crescimento do setor de serviços como o requinte da gastronomia de uma mesa mais farta nas classes C, D e E, e cada vez mais o surgimento de restaurantes. Até mesmo no Nordeste (berço do catolicismo brasileiro), com o advento de programas assistencialistas Bento XV e sua turma estão tendo que suar a batina para manter suas posições nesse jogo de xadrez. É mesmo melhor para o Estado que seus cidadãos trabalhem e façam suas poupanças aumentarem do que esperar a ajuda divina para ter uma vida mediana. Como diz Marcelo Côrtes Neri “enquanto em Weber o protestantismo tradicional liberou o cidadão comum cristão da culpa católica de acumulação privada de capital, aqui os movimentos religiosos emergentes liberaram a acumulação privada de capital através da Igreja.”
Toda essa nova mudança no contexto brasileiro, em específico, talvez explique a demanda por novas religiões e choques econômicos e sociais adversos, como a chamadas crises metropolitanas e de desemprego, violência e favelização, informalização, etc. Evidenciando a emergência de grupos pentecostais e também dos sem-religião. Segundo a mesma pesquisa a nova pobreza estaria migrando do catolicismo para dois extremos: os pentecostais e para os sem-religião.
Ainda destaco uma outra realidade, agora feminina. É fato que as mulheres continuam mais religiosas que os homens, e mais católicas também. No entanto este percentual caiu muito e boa parte desta movimentação se explica pelas alterações no estilo de vida feminino cada vez mais dinâmico, voltado para o trabalho, o aperfeiçoamento acadêmico e cultural, suas demandas psíquicas em temas como aborto e contracepção por exemplo e que não encontram alicerce na doutrina católica. Enquanto os homens abandonaram as crenças, as mulheres preservam a fé apenas trocando de crença.
OUVINDO: Sensation White – Megamix 2004
PERSONA: …
PENSANDO: “Será que os tais sete pecados capitais têm a ver com a proibição das alegrias? No que diz respeito à gula e a luxúria, certamente.” – Danuza Leão – Os Sete Pecados Capitais
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