Ontem fui jantar (leia-se 11:27pm) no Joackin´s (Rua Joaquim Floriano - zona sul de São Paulo) com o "Fe", que conheci no domingo passado. Tudo ia muito bem, apesar dele trabalhar como produtor de jingles perto até de onde eu trabalho, foi até engraçado que nosso segundo papo tenha começado por um ponto em comum - o mesmo cliente que havia me estressado na semana passada era o alvo de seus comentários agora!!
Eu estava de saco cheio de ficar em casa procurando produções interessantes na TV aberta, o máximo que acabei foi aumentando minha depre contribuindo com a legião que chorou com o "caso de descaso" com os artistas mais velhos no Programa da Marcia Goldschimit na Bandeirantes (...mexeu com vc mexer comigo).
Após diversas Coca Light Lemon, resolvi ligar para o Fe, e combinamos...
Todos sabem que tenho estranhado e até me estressado com esses aborígenes paulistanos (incluindo a maioria dos imigrantes e emigrantes), que cultuam o Tio Sam como o legítimo Deus e todos os seus hábitos inexoráveis!! Ninguém merece ter de admitir que a Flórida é tudo, enquanto até Lisboa e a própria Grécia, têm mais atrativos para ver e para contar do que uma colônia de jecas que se desenvolveu através de um Parque de Diversões para onde a Sandy e o Junior vão todo mês (Felicidade é como gosto!!)!!
Enfim, estava tudo legal, feeling bom, toque, sensualidade, etc..., comendo um bom lanche, quando o discurso aborígene começou..parecia que eu estava em outra vida com algo claro para resgatar..."porque eu sou muito atarefado, ..., odeio que combinem uma coisa e desmarquem, ...,", e a pior, "eu sou meio desleixado com arrumação pessoal" (leai-se ele vestia, calça Diesel, camiseta do sommer e botas zoomp (ahammmm)!! Isso tudo me fez pensar em que : Será que afinal estou chegando no âmago do comportamento paulistano e percebendo que aqui há um discurso pronto, que todos repetem apesar de não gostarem...seria como um social???!! Bem, nada é por acaso!!
Agora sei quando me disseram que se viesse para SP, nunca tentasse mudar a cidade ou as pessoas que moram aqui, ... , é obvio, mas ... estou meio que enxergando tudo como um grande organismo com um sistema de defesa que funciona como um virus altamente complexo. Todo corpo estranho é repelido por sua diversidade...seja ela mais complexa ou menos estruturada. Mas será parte desse após a fagia paulistana. Há toda uma sintese que transforma este corpo na famosa pauliceia desvairada...viva Mario de
Andrade, veja:
O cortejo
Monotonias das minhas retinas...
Serpentinas de entes frementes a se desenrolar...
Todos os sempres das minhas visões! "Bom giorno, caro."
Horríveis as cidades!
Vaidades e mais vaidades...
Nada de asas! Nada de poesia! Nada de alegria!
Oh! Os tumultuários das ausências!
Paulicéia - a grande boca de mil dentes;
e os jorros dentre a língua trissulca
de pus e de mais pus de distinção...
Giram homens fracos, baixos, magros...
Serpentinas de entes frementes a se desenrolar...
Estes homens de São Paulo,
Todos iguais e desiguais,
Quando vivem dentro dos meus olhos tão ricos,
Parecem-me uns macacos, uns macacos.
Bem ... tipow, falo meu...as mina..os mano!!
